segunda-feira, outubro 01, 2012

Uma Palmeira na Baixa

Contava-se em Cascais, noutros tempos, que um cliente do Palm Beach, surpreendido pelo preço do jantar, escreveu no verso da conta: "Vim jantar ao Palm Beach // E tenho estado a pensar // Se Palm vem de palmeira // Ou vem do verbo palmar".  No restaurante A Palmeira, em Lisboa, a surpresa da conta é a favor do cliente. Adiante.
 
A lista para o almoço era de respeito. As carnes abriam as hostilidades com um cozido à portuguesa. Os peixes respondiam de caras: caras de bacalhau cozidas com grão. O bacalhau é o pão nosso de cada dia na ementa do restaurante A Palmeira: 2ª à lagareiro, 3ª pataniscas, 4ª caras, 5ª à Braz, à 6ª cozido com todos. Do lado das carnes, os cabeças de lista, de 2ª a 6ª, são favas, dobrada, cozido à portuguesa, feijoada e mão-de-vaca com grão. Tudo comidinha de sustento, bem portuguesa, bem confecionada e servida, a preços muito favoráveis. Fundada em 1954, A Palmeira fez um nome e conquistou um lugar. Ali, toda a gente sabe que se trata de honesta e boa cozinha portuguesa.
Mas grande atração na lista de A Palmeira é o serviço da tarde. Petiscos: bacalhau, cru os assado, carapaus de escabeche, moelas, túbaros, cabeça de porco, linguiça, morcela e chouriço assados, bolinhos, pastéis e rissóis, sem rasto de gordura, sanduiches de quase tudo. Sobremesas caseiras. Para beber, cerveja à pressão e vinhos, brancos e tintos, a copo em direto da pipa ou engarrafados.
Situado nos números 69 a 73 da Rua do Crucifixo, A Palmeira dispõe de duas salas e de um longo balcão com bancos altos. O ambiente é informal, o atendimento simpático e eficiente, e os camones estão a descobrir o caminho para a boa comida cozinhada, a preços pelos quais nas terras respetivas pagam uma sanduiche desenxabida, dentro de um pãozinho sem sal e sem alma, acompanhada por uma bebida deslavada.

Fotos do blogue Beco das Barrelas / Direitos reservados

Restauração no Beco das Barrelas

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