quarta-feira, outubro 10, 2012

Lisboa e os Corvos

“São Vicente, para ser São Vicente e entrar na História como entrou, teve necessidade de dois corvos para o acompanhar que, por sinal, lhe foram sempre fiéis até hoje
José Cardoso Pires, A República dos Corvos

Foi por via da lenda que os corvos entraram na pedra de armas de Lisboa. São Vicente foi um sacerdote presumivelmente natural de Saragoça, martirizado em Valência no tempo do imperador romano Diocleciano, no século IV. Os seus despojos, lançados ao mar, terão sido sempre acompanhados por dois corvos até ao extremo sudoeste da Península, desde então denominado Cabo de São Vicente. No local terá existido um santuário moçárabe. E daí os restos mortais terão sido resgatados e mandados para Lisboa, por ordem de D. Afonso Henriques, em 1.176. Na Sé de Lisboa jazem num ossário de prata, restos mortais identificados como sendo os de São Vicente.
As mais antigas representações dos corvos nas pedras de armas de Lisboa estão num documento do Mosteiro de Santos-o-Novo, de 1271, e num baixo-relevo de um chafariz situado no Largo do Andaluz, em Lisboa, datado de 1336 (foto da direita), muito mal conservado e em situação de total insegurança. Os corvos estão no frontão da fachada da Câmara de Lisboa, entre as figuras do Amor à Pátria e da Liberdade (foto da esquerda).
 
E a partir daí o povo é soberano, livre e sereno. Em Lisboa há uma rua dos Corvos, em Santo Estevão, Alfama, e um Pátio dos Corvos também conhecido por Pátio da Sé; um restaurante Os Corvos, na Graça, e um outro, Barca dos Corvos, no Campo das Cebolas; há uma União Desportiva Corvos XXI, registada na Charneca da Caparica mas com instalações em Lisboa, onde pratica futsal, e um Sport Benfica Corvense, que será como que uma embaixada da Águia na Rua dos Corvos.
 
E tudo começou com uma lenda.
Mas quanto a corvos propriamente ditos estão a desparecer.

Texto e fotos Blogue das Barrelas / Direitos reservados.

1 comentário:

  1. lembro-me de haver corvos no nanozoológico do Castelo de São Jorge

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