sexta-feira, outubro 05, 2012

Liberdade, Igualdade, Independência, Luz

Na Rotunda, pelas 3 horas da manhã de 4 de Outubro de 1910, quando Machado Santos assumiu o comando das forças revoltosas - militares republicanos e civis armados - recebeu um juramento dos homens que ocupavam as barricadas: “Nós morremos aqui ao lado de Vossa Senhoria”. O combate era desigual: não mais de 400 revoltosos contra mais de oito mil soldados e polícias obedientes ao Estado-Maior monárquico. Mas às quatro da tarde, as forças monárquicas retiravam-se de Sete Rios. E os republicanos tomavam a iniciativa. Dispunham de oito peças de artilharia com as quais bombardearam o Palácio das Necessidades. A alteração de forças e de posições dava-se a cada hora. E quando os monárquicos começaram a bombardear a Rotunda, a partir do pátio do Torel, atingindo as ameias e torres da Penitenciária de Lisboa (na foto pequena), os republicanos bombardearam o Rossio, onde as forças monárquicas se concentravam para o assalto às barricadas da Rotunda. Ao mesmo tempo, forças das Armada desembarcavam na Baixa em apoio da República, a corte fugia e importantes unidades controladas pelos monárquicos desertavam em massa.
E foi assim que às 11 horas da manhã de 5 de Outubro de 1910 foi possível a dirigentes do Partido Republicano proclamarem na varanda dos Paços do Concelho de Lisboa: “Unidos todos numa mesma aspiração ideal, o Povo, o Exército e a Armada acabaram de proclamar a República em Portugal.”
Nos dias seguintes, de Lisboa para todo o País, a proclamação seguiu pelo telégrafo: “A República é, no Estado, liberdade; na indústria, produção; no trabalho, segurança; na nação, força e independência. Para todos, riqueza; para todos, igualdade; para todos, luz."
 
Na véspera, antes mesmo da proclamação, já “um bando de miúdos andava pelas ruas de Lisboa, de bandeira em punho, a bandeira vermelha e verde da Revolução feita em papel de seda, onde colara, em letras recortadas, um Viva a República”. O poeta José Gomes Ferreira, um desses miúdos, tinha 10 anos em 1910, nascera com o século.

Citação de José Gomes Ferreira in A Memória das Palavras, ou O Gosto de Falar de Mim, 1965 
Texto de João Francisco. Fotos de Francisco João /Direitos reservados.



5 de Outubro (1910 - 2012)

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