segunda-feira, novembro 17, 2014

Lisboa nos livros II - A Cidade e as Serras, de Eça de Queiroz

«Seu avô, aquele gordíssimo e riquíssimo Jacinto a quem chamavam em Lisboa “o D. Galeão”, descendo uma tarde pela Travessa da Trabuqueta, rente a um muro de quintal que uma parreira toldava, escorregou numa casca de laranja e desabou no lajedo».
A Cidade e as Serras, Eça de Queiroz

O romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queiroz, desenvolve-se entre o «horror das cidades», as «flores da civilização» – «Uma seca! Uma maçada!» - e «uma outra vida», nas serras do Douro, em Tormes, localidade da ficção de Eça, que corresponde no mapa a Santa Cruz do Douro. Adeus Cidade, «adeuzinho, até nunca mais», despediu-se o protagonista do romance de Eça de Queiroz, «farto de civilização.

Na Trabuqueta só falta hoje o Jacinto Galeão
a rebolar pela pedras. De resto, tudo na mesma
O palacete do 202 dos Campos Elíseos, em Paris, também era da ficção. Mas o correspondente a Tormes, a quinta e a casa senhorial de Tormes, lá estão ainda hoje. 
Mas passando-se entre a Cidade das Luzes, Paris, e as serras do Norte de Portugal, o enredo do romance principia com uma cena caricata em Lisboa, Alcântara. Conta o romancista que estatelado D. Jacinto Galeão no lajedo da Travessa da Trabuqueta se cruza com ele «o senhor infante D. Miguel» que o interpela: 
«Oh Jacinto Galeão, que andas tu aqui, a estas horas, a rebolar pelas pedras?».
Texto e fotos Beco das Barrelas

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