quarta-feira, fevereiro 11, 2015

Toponímia

André Brun, dramaturgo, cronista, argumentista de filmes, é vizinho de Gervásio Lobato, dramaturgo, jornalista, comediógrafo, na toponímia em Campo de Ourique.
Francisco Ribeiro “Ribeirinho” é nome de rua de Arroios, só vizinha de santas e de frades. Já Vasco Santana, o Pai Tirano de Ribeirinho, foi para a Portela, fora de portas. Quanto a João Villaret vai dar à Avenida de Roma. O Bairro dos Actores é de outras gerações: a actriz Virgínia, o actor Vale.
Ivone Silva está longe da Avenida e mais perto de Entrecampos; são as trocas baldrocas entre o Parque e a Feira Popular.
Já o actor António Silva é paralelo a Fernando Curado Ribeiro, também actor, galã do cinema português e locutor de rádio. Contracenam em ruas do Lumiar, como contracenaram no Costa do Castelo ou na Menina da Rádio.
Mas Alice Cruz é nome de jardim em São Domingos de Benfica e não tem vizinhos do ofício da rádio e televisão. Jorge Alves é que ficou vizinho da Rua do Quelhas mas a Emissora mudou de poiso.
Amália cantou “Nome de Rua” mas é nome de jardim, no alto do Parque. Fernando Maurício, em Braço de Prata, está longe da Igreja de Santo Estevão. Em linha reta estará perto, mas às voltas fica distante de Alfredo Marceneiro, no Bairro de Chelas. Quanto a Hermínia Silva fica para a Ajuda.

Longe das suas Papoilas Saltitantes, Luís Piçarra liga Helena Vaz da Silvas e José Cardoso Pires, que o Município equiparou na toponímia da cidade. Ambos vão dar a David-Mourão Ferreira e são vizinhos de Álvaro Cunhal. Octávio Pato fica para o outro lado da Krus Abecassis, perpendicular à Santos e Castro, um presidente da Câmara de Lisboa não eleito.
Melo Antunes vai desembocar na Sérgio Vieira de Melo; antes cruza a Octávio Pato e a Luís Sá, depois encontra a João Amaral. Da rotunda onde desemboca a Álvaro Cunhal, saem para a direita Vasco Gonçalves, para a esquerda Eugénio de Andrade. Vantagens das novas urbanizações, nesta toponímia de proximidade.  

Antigamente não era assim
Rua sem nome
Antigamente, conta-nos o historiador António Borges Coelho - Ruas e Gentes na Lisboa Quinhentista, Caminho, 2007 -, havia «becos sem nome e ruas com nomes vários», e nos nomes «ficaram registadas a flora - Rua da Amendoeira, da Oliveira, da Figueira, das Parreiras; os ofícios - Caldeiraria, Ferrarias Velhas e Novas, Correiaria, Tinturaria; o morador rico ou poderoso - Rua de Dom Gil Eanes, do Conde da Vidigueira, do Barão.
E assim a cada passo «nos confrontamos com o muro da cerca, o arco, a cruz, a porta, a torre velha ou nova, os moinhos de vento, os fornos, as atafonas, o outeiro, a laje, os canos, a ponte, a regueira, as varandas, os corredouros ou passadiços.» 

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