segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Varinas inauguram Museu de Lisboa

Como é que uma mulher trabalhadora, da classe mais baixa, se transforma em ícone de uma cidade? Foi procurando resposta para esta pergunta que se montou a exposição que inaugurou, em 1 de Fevereiro, o Museu de Lisboa, no palácio Pimenta, Campo Grande. A exposição conta a história da varina de Lisboa.
O até agora denominado Museu da Cidade passou a designar-se Museu de Lisboa, sendo composto por cinco novos núcleos: Palácio Pimenta e Pavilhão Preto (o Pavilhão Branco também existente nos jardins ficou de fora deste projeto e passou para tutela direta da EGEAC); Museu do Teatro Romano; Museu Santo António; Torreão Poente, no Terreiro do Paço, e Casa dos Bicos, este na Zona da Sé de Lisboa.
A sede do novo Museu é no Palácio Pimenta, no Campo Grande, onde agora se pode ver a exposição Varinas de Lisboa, com imagens e objetos que retratam um dos principais ícones da capital, as mulheres que andavam descalças pelas ruas de Lisboa com a canastra do peixe à cabeça.

(...) Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!

Excerto de «Avés-Marias", de "Sentimento de um ocidental", de Cesário Verde; 
Pintura de Almada Negreiros, Gare Marítima de Alcântara;
Desenho de João Abel Manta. 

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