terça-feira, fevereiro 19, 2013

A afición já não é o que era


A afición já teve certamente melhores dias em Portugal e nomeadamente em Lisboa. Mas a própria existência de uma Praça de Touros tão majestosa como é a do Campo Pequeno comprova que a afición passou por épocas de esplendor, que enchiam praças com cartéis que mereciam casa cheia.
Esse tempo já lá vai. Mudam-se os tempos, as vontades, as mentalidades, as solicitações e os programas da chamada Festa também mudaram. Espetáculo televisivo, com a televisão a impor transmissões noturnas, quando os toiros se querem às cinco da tarde, com sol. E corridas ditas à portuguesa para os turistas.
Houve tempos em que a Praça do Campo Pequeno, em Lisboa, agora com 120 anos de idade, era ponto de passagem para os maiores artistas do toureio a pé. Nos anos 40 do século passado, Manuel Rodríguez, Manolete, apresentou-se por três vezes no Campo Pequeno. E embora tenha sido inaugurada já depois do decreto do rei D. Miguel proibindo os toiros de morte em Portugal, a Praça foi cenário da “faena integral” executada por dois matadores portugueses, Manuel dos Santos, nos anos 50, e José Falcão, um mês após o 25 de Abril, na Corrida TV de 1974. Ambos saíram em ombros, pela porta grande da Praça, com a PSP à espera para lhes instaurar processos-crime.
A partir da Páscoa abre a temporada e lá teremos, nas noites das quintas-feiras, os camones aos gritos perante a emoção das pegas de caras.
Os aficionados portugueses vão a Espanha. Mas nas ruas que vão dar ao Campo Pequeno há ainda sinais vivos de quando a afición estava instalada nos arredores da Praça.


Texto e fotos Beco das Barrelas / Direitos reservados.

Sem comentários:

Enviar um comentário