quarta-feira, agosto 15, 2012

A quadrícula do Marquês

A conceção da baixa de Lisboa, traçada sob os auspícios do Marquês de Pombal, dá ainda hoje ao centro da cidade a ordenação precisa da geometria. É uma quadrícula que organizou a vida e a circulação económica da Lisboa do século XVIII renascida do Terramoto de 1755. E lá estão as longas longitudinais, ligando o Rossio e a Praça da Figueira à Praça do Comércio – Rua Augusta, Rua do Outro e Rua da Prata – mais as ruas paralelas dos Sapateiros, Correeiros, Douradores e Fanqueiros e a irmã mais pequena rua do Crucifixo. As transversais completam a quadrícula com as ruas de Santa Justa, Assunção, Vitória, S. Nicolau, da Conceição, S. Julião e do Comércio.
 Nem sempre se designaram assim. A do Comércio foi a rua de El Rei, a dos Fanqueiros foi a rua da Princesa, a da Prata foi a Bela da Rainha. E a rua do Correeiros foi a travessa da Palha que ficou na letra de um fado do reportório da grande Lucília do Carmo.
Qualquer que fosse a toponímia, a quadrícula organizou a regeneração da vida económica de Lisboa. E no final do século XIX, ao fim da tarde, na Lisboa de Cesário Verde, "às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas".
Fotos de Francisco João (direitos reservados). Texto de João Francisco.

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