Largo do Calhariz, 4, Lisboa
Mas
o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o
com o desconforto da cabeça mal voltada
E
com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele
morrerá e eu morrerei.
Ele
deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A
certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois
de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E
a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá
depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em
outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará
fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas...
Álvaro de Campos, Tabacaria
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