sexta-feira, outubro 24, 2014

Lisboa encadernada

Mais dois livros sobre Lisboa vêm aumentar as ofertas de leituras sobre a história e a vida da capital. Acabam de sair “LX 70 – Lisboa, do sonho à realidade”, de Joana Stichini Vilela, e “Belle Époque – A Lisboa de finais do século XIX e início do século XX”, de Paula Gomes Magalhães. O primeiro reconstitui a superfície dos anos 70 do século passado em Lisboa; o segundo recua mais, até à passagem do século XIX para o século XX.
O LX 70 dá sequência à ideia do LX 60: histórias de Lisboa, respigadas de jornais e revistas e reconstituídas pelo testemunho de quem as viveu. Boa ideia e não foi certamente por acaso que o projeto assentou nas décadas de 60 e 70: há muitos testemunhos vivos e com memória fresca para recontar histórias. 
Uma dessas histórias passou-se nos estúdios da Rádio Renascença, em 24 de Maio de 1970: o programa Tempo Zip, com papel principal para o divulgador de jazz José Duarte, conseguiu juntar nos estúdios da Rua Capelo o Modern Jazz Quartet e Gilberto Gil. 
O cenário estava preparado para desencadear o que se seguiu, quando os músicos, respondendo ao apelo dos instrumentos postos à sua espera – até lá estava o vibrafone do Mário Andrea à espera de Milt Jackson -, tocaram em direto e ao vivo numa estação de rádio portuguesa. 
A cena estava montada apenas para o MJQ, com cujos músicos José Duarte esteve a jantar no Parque Mayer, mas Gilberto Gil estava em Lisboa, apanhou um táxi que sintonizava o Tempo Zip, pediu para seguir para o estúdio daquela rádio e entrou na jam session em direto. 

O segundo livro reconstitui a passagem da Lisboa romântica para a Lisboa Moderna, quando Paris - onde o século XX começara ao mesmo tempo que a feérica iluminação elétrica – era a principal influência de Lisboa e dos lisboetas. 
Uns anos mais tarde, ainda Amália cantava: “Lisboa não sejas francesa”. 

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