segunda-feira, junho 16, 2014

Sai um prato de gastrópodes para a mesa do canto

Os caracóis – cochleolus como lhe chamavam os latinos - são gastrópodes da subordem dos stylommatophora que têm, entre outras, a grande virtude de não fugirem nem darem o alarme. Num livro recente, o escritor chileno Luís Sepúlveda diz mesmo que os caracóis, «para que lentidão e o silêncio não os assustassem, preferiam nem falar disso e aceitavam ser como eram com uma lenta e silenciosa resignação».

De maneira que, pelo facto de transportarem não a casa, como se diz erradamente, mas o esqueleto às costas, se torna possível capturar uma imensa quantidade destes moluscos, cozinhá-los e servi-los à mesa na época respectiva, o Verão.
O caracol é um herbívoro que, antes do tacho, passa por uma dieta de vinho branco e ervas aromáticas, o que o transforma num pitéu apropriado para acompanhar cerveja gelada, a bebida mais eficaz no combate ao calor e à sede estivais, ou vinho branco.
Os franceses cozinham as caracoletas, às quais chamam escargots à bourguignone, mas em Portugal os mais procurados são os caracóis miúdos, os caracóis caracolitos, cozinhados longamente no tacho com azeite, alho, cebola, louro, orégãos, temperados após a cozedura com sal e pimenta. As ervas e temperos em excesso – ou desapropriados, como os caldos de carne – apenas acrescentam mais sal e disfarçam o sabor verdadeiro do pequeno molusco. 

O caracol come-se no sul de Portugal e no norte de África. É um petisco simples e despretensioso que puxa pela bebida e ambos puxam pelo convívio.

Às portas de Lisboa, Loures organiza regularmente a feira do caracol saloio. Em Lisboa, o caracol é petisco comum nos dias de Verão e tem algumas casas especializadas como sejam: Júlio dos Caracóis, uma grande superfície do caracol, em Chelas, Grã Via, no Campo Grande, Adega do Rossio, na Rua 1º de Dezembro, A Tabuense, na Avenida do Brasil, A Palmeira, na Rua do Crucifixo. 
Se tem outras sugestões, deixe-as aqui, clicando ao fundo em sem comentários


Mais comidinhas aqui:

O Mercado senta-se à mesa










2 comentários:

  1. A caracoleta, grelhada, com manteiga, é excelente com um vinho branco seco.
    Carlos Caracol

    ResponderEliminar
  2. De todas as sugestões de comidinhas, a que mais me agradou foi a das burras do Zé do Cornos.
    Armando C.S.

    ResponderEliminar